domingo, 24 de março de 2013

Quem tem medo da CPI em Blumenau?




por Eduardo Soares de Lara

Blumenau reacendeu essa semana, o debate político em torno das denúncias que vão ao encontro do ex-prefeito João Paulo Kleinübing (atual diretor presidente do BADESC !!!!). Uma solicitação de CPI, proposta pelo vereador Jefferson Forest (PT), visa apurar uma série de irregularidades e denúncias de desvio de recursos, em obras realizadas por meio de convênio com o BADESC (Agência de Fomentos do Estado de Santa Catarina). Infelizmente, a proposta de CPI, foi acatada de imediato por apenas 3 vereadores, no global de 15.

Já se esperava que contrários à proposta ficassem os vereadores cassados em primeira instância (!!??), por crime denunciado a partir de gravações feitas pela investigação Tapete Negro.     
Nesse debate surgem duas questões que motivam esse texto de opinião. A primeira de que uma CPI interfere os trabalhos do Ministério Público, seguido da compreensão de que a CPI constitui um palanque político.

Alguém realmente acredita que uma CPI interfere no trabalho do Ministério Público? É tão óbvio que são dois poderes distintos, com atribuições e funções distintas. E já que MP e Câmara de Vereadores de Blumenau, não tem nada em comum, ao menos duas investigações correndo paralelamente ajudariam a apontar possíveis lacunas. Inclusive ajudaria a opinião pública na busca por respostas, já que a característica do MP é ser recatado na apuração dos fatos.

Aos que advogam a tese de que a CPI significa constituir um palanque político, só tenho que dizer que sinto muito! O legislativo é um palco político. É um fórum permanente de disputa política por natureza. E o instrumento da CPI, de acordo com a literatura recorrente sobre o tema, é categórico em dizer que esse é um instrumento que nasce do clamor do povo. Clamor que exige uma investigação para apurar e depois, se necessário, punir desmandos e desvios.

Clamor do povo é parte do princípio institucional da CPI, ainda mais no episódio que presenciamos em nossa cidade, que se encontra longe de ser um caso in abstracto.

O Blumenauense precisa entender que, ao longo da história da cidade, cada governo teve seu lado positivo e negativo. É preciso permitir o acesso a informações de cada gestão, para que a sociedade faça seu julgamento, sua escolha e decisão política.

A proposta do vereador Jefferson Forest vem ao encontro de aperfeiçoar a administração pública. Mostrar as falhas, os defeitos, os interesses obscuros que infelizmente conduzem a política durante a última administração.

A política em nossa cidade precisa ser feita com teto de vidro. Sem medo da verdade e das cobranças.

Eduardo Soares de Lara é graduando em Ciências Sociais pela UFSC  

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