segunda-feira, 30 de junho de 2014

Ponderações sobre a aliança PCdoB/PSD

Com o aproximar das eleições gerais em outubro, os partidos brasileiros reúnem-se para definir seus candidatos, táticas eleitorais, programas e até mesmo suas alianças. Não foi diferente com o PCdoB-SC.

A avaliação da direção estadual do partido, analisou o cenário eleitoral e optou por uma aliança com o PSD do governador Raimundo Colombo, decisão que tem por objetivo exclusivo alcançar uma vaga de deputado federal.

O constrangimento público é sentido dentro e fora do partido, e acredito que o momento tornou-se o ápice de uma crise que se arrasta por alguns anos em Santa Catarina.

A crise dentro de um partido, do tipo Comunista, deve servir para avaliar os conceitos e educar seus militantes. E é por isso, que NÃO vou aderir ao processo de desfiliação. Eu fico, porque esse é o partido político que acolheu os melhores momentos da minha vida. É o partido político que dedico 10 anos consecutivos da minha energia, sonho, e militância. E nesse momento difícil, é que os comunistas precisam buscar a unidade e vencer juntos as adversidades de um sistema político tão contraditório.

Na minha opinião o PCdoB em Santa Catarina, teve sempre todas as condições políticas para crescer em número e qualidade. Porém, nunca soube aproveitar plenamente sua inserção nos movimentos sociais e abrir espaço para uma atuação enérgica no legislativo. Pelo contrário. Nosso partido definhou. Retrocedeu, e tornou-se “mais um” no meio de tantos outros.

É preciso olhar para o partido e avaliar nossa atuação, e trabalhar com os números reais da matemática política. Política se faz com força, e se o partido não tem essa força, não deve e não precisa escolher o caminho mais fácil para alcançar os êxitos eleitorais.

O partido precisa compreender os fenômenos internos que afastaram e continua afastando importantes nomes e lideranças. Compreender os fenômenos que excluí da vida partidária históricos camaradas de luta.
Sem visões idealistas da política, defendo e vejo com bons olhos a vinda do PSD para o campo do projeto Dilma. Porém até mesmo esse apoio, precisa ser problematizado. O que motiva essa declaração de votos em Dilma? Um partido que tem no seu DNA, nomes que sempre espumaram ao falar de Lula e do PT. Será que o governo Dilma representa as opiniões políticas desses sujeitos? Se a resposta for sim, então precisamos reorientar esse governo que representa o que de mais avançado construímos na história política nacional e deve ser entendido como um patrimônio do povo brasileiro.

No vale tudo da política, os comunistas não podem ser regidos por essa lógica política incoerente. É preciso reafirmar o que faz o PCdoB ser diferente dos outros partidos. Reafirmar que somos COMUNISTAS, e que defendemos uma transformação social radical (obviamente sem sectarismos e dogmatismos tão presente em outros setores da esquerda).

Desejo que o Partido Comunista do Brasil em Santa Catarina tenha vida longa e que no decorrer desse processo possamos restabelecer nossos princípios indiscutíveis.

Nesse sentido, deixo claro que NÃO apoiarei o candidato Raimundo Colombo (PSD).

Nessas eleições estarei nas ruas, levando bem alto a bandeira vermelha que carrega a esperança dos trabalhadores do campo e da cidade. Estarei outra vez construindo meu partido, organizando nossas lutas e defendendo a reforma política.


Abraços.