segunda-feira, 30 de maio de 2011

Dica de Filme - Ao Sul da Fronteira

Ao Sul da Fronteira, filme lançado em 2010 causou certa expectativa no Brasil, até porque vivíamos a campanha eleitoral que culminou na eleição da primeira mulher presidenta do país.

Acredito que este filme deve ser enquadrado na categoria de essencial, na tentativa de elucidar as alternativas de esquerda, presente em nosso continente. 

Dirigido por Oliver Stone, a película não deixa de ser um documentário que retrata sua viagem por sete países da América Latina, em uma tentativa de compreender o fenômeno que os levou a ter governos de esquerda na primeira década do século XXI.

Através de conversas com Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador) e Raul Castro (Cuba), é analisado o modo como a mídia acompanha cada governo e o maneira como lidam com os Estados Unidos e órgãos mundiais como o FMI.

Oliver Stone (Nova Iorque, 15 de setembro de 1946), que também serviu na guerra do Vietnã e ganhou a “Estrela de Bronze de Honra ao Mérito” ganhou dois Oscar de melhor diretor com os filmes Platoon e Born on the Fourth of July (Nascido em quatro de julho).

Entre outros de seus filmes está o recém lançado “Wall Street: Money Never Sleeps” (Wall Street – O dinheiro nunca dorme. 

O filme carrega uma leve semelhança com o documentário à “Revolução não será televisionada” e os filmes de autoria do diretor Michel Moore, mesmo assim é esclarecedor, inteligente e original. 





“Nos tienen miedo porque no tenemos miedo”

Vídeo com imagens feitas da praça Catalunya, que acompanha a canção de Liliana Felipe “Nos tienen miedo porque no tenemos miedo”, realizado por Cubadebate:





mais um registro de efervescência... de coragem... e luta social!




Dica de Filme - Band of Brothers

Como expressei anteriormente esse ano venho dedicando atenção para cinema.

Uma sugestão que gostaria de deixar registrado nesse blog é a série Band of Brothers, uma minissérie de televisão que conta a história da Easy Company, integrante da 101ª Divisão Aerotransportada do exército americano, na Segunda Guerra Mundial. Baseado no livro de mesmo título, da autoria de Stephen E. Ambrose, a série narra a participação da Easy Company na invasão da Normandia, além das Operações Market Garden e da Batalha do Bulge.

Sob a ótica dos combatentes, a produção narra a campanha do regimento de para-quedistas americanos, desde sua preparação em Toccoa, Estado da Geórgia nos Estados Unidos, até a captura do Ninho da Águia, fortaleza que Hitler mantinha nos Alpes, na localidade de Berchtesgaden.

Todos os eventos retratados na série são baseados em pesquisas e entrevistas gravadas com os veteranos da guerra e o interessante é que os mesmos constantemente aparecem antes do começo dos episódios, em pequenas entrevistas/depoimentos.


Não pelo fato de exaltar os feitos dos Estados Unidos na guerra, mas por registrar alguns sentimentos individuais e coletivos que a batalhe gerou nesses homens, como quando a Easy Company se depara com Campo de Concentração, com medo da morte, pressão, solidão, etc.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Novo Código Ambiental. Pseudo discussão?

O presente texto é uma resposta direta ao artigo do meu querido amigo Nildo Inácio, publicada no blog do também amigo Josué de Souza.

Com a proximidade da votação do projeto que atualiza o Código Ambiental Brasileiro, na Câmara dos Deputados, podemos acompanhar a manifestação de diversos setores sociais, que contrários ou favoráveis a matéria, expuseram um importante tema a ser tratado desde já: o desenvolvimento nacional sustentável.

Destaco de antemão o quanto é louvável, justo e fundamental a defesa ambiental e os princípios intrínsecos a essa bandeira. A questão é uma necessidade global, que reflete as conseqüências de um sistema econômico hegemônico, caracterizado por seu poder predatório.

Como nunca, ganha sentido o conceito que Weber cunhou de “desencantamento do mundo”. Sob o globalismo o mundo adquiriu novas formas de desenvolvimento. Tanto a ciência como a técnica, a eletrônica e a engenharia genética, o utilitarismo e pragmatismo, a razão instrumental e a visão sistêmica do mundo, originam-se de uma lógica que empregou nas instituições e corporações, consequentemente estados nacionais, estruturas mundiais de poder e formas de sociabilidade das mais diversas (IANNI, 2004).

Desse contexto emerge o novo palco da história, um contraditório processo de progresso e decadência, de prosperidade e miséria, pauperização absoluta e a pauperização relativa, de civilização e barbárie (PASSET, 2002).

Não podemos nos deixar cair na tentação de assumir uma postura ingênua, comum da intelectualidade oriunda do século 21: o pessimismo. Muito menos esbravejar aos quatro cantos que o Novo Código apóia-se na retórica ou em ações antidemocráticas.

Afronta a democracia é ser conivente com uma legislação de 1965 que sofreu absurdas alterações através de decretos, portarias, resoluções, instruções normativas e uma medida provisória que acabou virando lei sem nunca ter sido votada. Vazio é o argumento que desconsidera o fato de 90% dos 5,2 milhões de proprietários rurais do país, homens e mulheres de família, colocados à margem da lei, pressionadas e submetidas às ações de órgãos ambientais do Ministério Público. Brasileiros que foram arrastados ao encontro de processos, acusações e delitos que não sabiam ter praticados. Ingênuo e irresponsável com a nação é “acreditar que a solução dos problemas ambientais brasileiros esteja ligada unicamente a aumento ou diminuição de Áreas de Proteção Ambiental e reservas legais, ou a generalização do instituto de multas a torto e a direito” (JABOR, 2011).

Parece que expomos um debate onde os interesses são irreconciliáveis, encontrando de um lado ruralistas querendo a todo custo derrubar as amarras ambientais favorecendo suas pretensões mercadológicas. De outro lado os ambientalistas querendo preservar as reservas florestais, impedindo o desmatamento. Entre esses dois polos, Aldo Rebelo e o PCdoB, quer demonstrar a necessidade sairmos do debate superficial, esforçando em restabelecer marcos metodológicos mais sérios.

Devemos tomar como base a perspectiva dos pequenos produtores rurais e as suas agruras nesse conflito, equilibrar para que o Novo Código não permita o desmatamento desenfreado, tampouco imponha penalidades aos produtores, especialmente aos pequenos.

Convido a todos os leitores desse texto a lerem o artigo do Doutor e Mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP, Elias Jabbour: Desmatamento e renda da terra, assim como o meu texto Resposta a "Insensatez Ambiental".

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Tudo pode dar certo (Whatever Works, 2009) – Woody Allen

Confesso que durante muito tempo não dediquei atenção ao cinema. Até o presente momento essa arte era para mim um elemento de distração e relaxamento do que um componente reflexivo.

Por isso, hoje inauguro um pequeno espaço nesse blog para compartilhar as experiências cinematográficas.

Vou começar pelos últimos filmes que tive a oportunidade de assistir:

Tudo pode dar certo (Whatever Works, 2009) – Woody Allen  

Faz muito tempo que a figura de Woody Allen esbarra com a minha vida, porém nunca levei a sério. Sério mesmo eu levo a filha dele, mais isso é outro detalhe.

Assisti pela primeira vez a um filme do diretor, foi “Tudo pode dar certo”. Simples ao mesmo tempo complexo, repleto de tiradas inteligentes.

O fato é que gostei. E quem me conhece sabe que eu curti mesmo foi o personagem Boris!! Por que??? Alguém adivinha??? (ohaoahoahaoh)

Boris é um professor universitário aposentado (mecânica quântica?) que conhece uma menina interiorana de maneira inusitada. A menina Melody, ingênua, recém chegada à Nova York implora a Boris um lugar para passar a noite. Uma noite vira um mês, dois meses, e vai prolongando-se até os dois casarem.

De péssimo humor, Boris e Melody, nas suas diferenças se entendem. Ele fala, ela ouve e repete, mesmo sem saber muito bem o que esta dizendo.

Até que um dia, do nada, a mãe da garota aparece por lá. Igualmente sulista, bastante religiosa, desacostumada com a cidade grande, ela naturalmente desaprova o casamento.

Na busca por um partido melhor para sua filha, a mãe amplia seus horizontes sobre a cidade e a si mesma, o que acontece mais tarde com o pai de Melody que chega a NY para descobrir e entender o que é ser feliz.

Como alerta Boris em uma das cenas do filme: “este não é um filme feito para as pessoas de sentirem bem”. Mais com certeza você assiste com um sorrisinho no rosto quase o tempo todo.

Assista o trailer e o filme, vale apena!


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Resposta a “Insensatez Ambiental”

Publico minha resposta, destinada ao colunista do periódico, Folha de Blumenau, Bruno Cunha.

Resposta a “Insensatez Ambiental

Por
Eduardo Soares de Lara*

Amigo Bruno.

Acompanho e admiro consequentemente suas opiniões, vinculadas no jornal Folha de Blumenau, por acreditar ser louvável a dedicação de debater temas relevantes a sociedade. Porém em minha última leitura, fui surpreendido com sua opinião frente ao Novo Código Florestal.

Polêmico, o tema vem sendo criticado por setores da sociedade e veículos da impressa nacional, esse último, conhecido pelo pobre debate frente aos grandes problemas sociais.

É louvável, justo e fundamental a defesa ambiental e os princípios intrínsecos a essa bandeira. Uma necessidade global, que reflete as conseqüências de um sistema econômico hegemônico, caracterizado por seu poder predatório em diversos aspectos, o que me torna simpático a todos os que lutam por amplas e profundas mudanças sociais.

Dessas admirações, uma delas dedico ao deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do Novo Código Florestal, sendo impossível não enaltecer o grande trabalho realizado frente à elaboração do relatório. Como de costume o deputado Aldo, provido de espírito republicano e compromissado com os interesses estratégicos do povo e da nação brasileira, dedicou quase dois anos percorrendo o país em audiências, na tentativa de construir um consenso básico.

Nos próximos dias a Câmara dos Deputados deverá votar a atualização do Código Florestal, uma das matérias mais debatidas na história legislativa e que corresponde a uma necessidade inadiável de adequar a legislação atual, que põe na ilegalidade praticamente 100% dos pequenos e médios agricultores do País.

Para gerar clareza, utilizo algumas palavras do próprio deputado:

“A situação levou o governo adiar por decreto a aplicação de multas por exigência da averbação de reserva legal, ou seja, a parte da propriedade destinada à vegetação nativa. O decreto expira em junho, abrindo um vazio legal que só poderá ser preenchido de três maneiras: 1) a aplicação da lei e a conseqüente enxurrada de multas e processos contra milhões de agricultores, o que o governo não deseja e a população não toleraria; 2) a edição de outro decreto, adiando a entrado em vigor do que deveria estar em vigor; ou 3) o ajustamento da lei à realidade”.

Contextualizando poderemos entender que o Código de 1965 sofreu absurdas alterações. Foi no período democrático que decretos, portarias, resoluções, instruções normativas e uma medida provisória, que acabou virando lei sem nunca ter sido votada, transformaram o mesmo em uma legislação impraticável, onde o Estado foi o primeiro a desrespeitá-lo.

A conseqüência foi por na ilegalidade mais de 90% dos 5,2 milhões de proprietários rurais do país. Homens, mulheres e famílias, colocadas à margem da lei, pressionadas e submetidas às sanções de órgãos ambientais e do Ministério Público. Brasileiros que foram arrastados ao encontro de processos, acusações e delitos que não sabiam ter praticados. O relatório cita casos de suicídio, de abandono das propriedades por aqueles que não suportaram a situação em que foram condicionados.

Uma das medidas adotadas, na tentativa de proteger a natureza pela legislação brasileira, foi à determinação de área de Reserva Legal, que significa uma porção de terra de mata nativa, que deveria ser averbada, ou seja, registrada em cartório, preservada e seu uso não poderia mais ser alterado. Caso a área tenha sido devastada anteriormente, caberia ao proprietário reflorestá-la.

O prazo inicial para esse registro em cartório era o dia 22 de janeiro de 2009, que foi prorrogado por duas vezes e que vence dia 11 de junho de 2011. As terras não registradas poderão tornar-se irregulares, gerando multas e a perda de benefícios governamentais e incentivos fiscais, essenciais para dinâmica econômica do campo.

Sinceramente, não acredito que este é o grande interesse dos grandes latifúndios, do agronegócio e consequentemente da poderosa bancada ruralista. Estariam eles preocupados em perder 1% de suas gigantescas propriedades de terra? O grande afetado é o pequeno produtor brasileiro. Para Santa Catarina o tema torna-se relevante porque somos o estado onde menos incide o peso do latifúndio, por características históricas, econômicas e sociais singulares.

Em todo Mundo, quando nos colocamos a procurar informações sobre a legislação dos países, não encontramos nada parecido e avançado como o Código Ambiental e Código Florestal Brasileiro. Expressões como Área de Preservação Permanente e Reserva Legal, inexiste, em especial na Holanda, país que sedia o Greenpeace. A ONG “multinacional do ambientalismo” e não reivindica sequer uma metragem para proteção de rios e florestas de seu país sede. Esse debate é inexistente nos Parlamentos e na mídia dos países que para cá despacham suas ONGs e ações, muitas vezes duvidosas. É uma tentativa clara de imobilizar nossas riquezas em beneficio das nas nações desenvolvidas.

A questão central é se o Brasil pode dispor de seu território, seu solo, subsolo, recursos hídricos e sua inteligência, na elevação do padrão de vida, seja ele material ou espiritual de seu povo.

Cabe a todos a busca de elevação política da sociedade. A discussão qualificada sobre os grandes temas nacionais. Também nos cabe decidir se continuaremos a constituir um projeto civilizatório ambientalmente responsável, consciente de nossa legítima aspiração ao desenvolvimento.

* Eduardo Soares de Lara. Diretor Executivo do Instituto Contato, acadêmico do curso de Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.