quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diários...

Recentemente realizei uma compra significativa de livros. Nada de clássico, tirando Robin Hood, versão escrita do ilustrador e escritor Howard Pyle. Robin da Floresta, como é conhecido em Portugal é um personagem simbólico e uma história gostosa da infância já tão distante.

Desses livros adquiridos, um em especial não larguei até o presente momento. São “Diários de Uma Guerra Estranha” de Sartre, que reúnem suas reflexões acerca de sua participação da Segunda Grande Guerra, executando serviços meteorológicos para o Exército. 

O representante do existencialismo abusa da sensibilidade literária, registrando fatos do cotidiano, nesse caso conflituoso da participação de uma guerra.

Percebi que não é a primeira vez que fico transtornado e admirado com os registros de diários. Acreditando profundamente que quando iniciei “pensar, pensar...”, foi à equação perfeita, podendo reunir o meu eu, biográfico, no clima íntimo do diário particular. Particular esse, escondido durante anos pela vergonha em expressar e agora de alguma forma escancarado no virtual.

“Diários de uma Guerra Estranha” fez recordar minha primeira leitura de Sarte, “A Náusea”, título do romance, diário do historiador Antonie Roquentin, que viaja na busca de escrever a biografia do marquês de Rollebon.

Registrar, essa capacidade única de homens que observam homens. A reflexão do homem sobre o homem e sua sociedade, para lembrar o antropólogo Laplatine.

O desenvolver de uma sensibilidade de observação e descrever, sentidos, formas, expressões, sentimentos é único da nossa condição humana e vem animando o meu eu. Lembrando de Sartre em seu diário que afirmava, que “podendo escrever, sinto felicidade”.

Nesse espírito inquieto, animado e inspirado de hoje, o destino fez minha amiga Amanda, aquela menina capaz de emocionar minha razão com depoimentos de quando nos conhecemos, trouxe um desafio.

A necessidade de preservar a memória de um personagem de sua cidade, um bispo, um homem da Igreja. Que parece ser um homem de espírito público, politizado, um desses homens de virtudes, de humanidade, homem que pensa o mundo.

Querida Amanda, só resta dizer que estarei aqui para ajudar. Resgatar essa história será missão sua. Porém preservar o teu espírito inquieto é minha tarefa. 

2 comentários:

  1. é estranho pensar que meu diário, na adolescência, tinha cadeado e agora eu escrevo para quem quiser ler, em qualquer cafundó por aí.

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  2. Nossa... Vc também me emociona, cada vez que consegue me fazer pensar, refletir e criar perspectivas através dos seus textos. Além disso, sua capacidade de entusiasmar, influenciar e incentivar um projeto como este, que ontem parecia mais uma ideia particular (portanto insana e distante), me fazem ter a certeza de que encontrei meu orientador-consciência.
    Certo que essa definição fui eu que inventei, mas representa uma pessoa em que vc confia que vai te ajudar a dar o seu melhor, como se o trabalho fosse dela mesma.
    Fico feliz em ver que não é só meu personagem um homem de virtudes, humanidade e caráter, mas o meu orientador-consciência que só pelo fato de acreditar em mim já tem sua tarefa de despertar minha inquietação cumprida.

    Muito obrigada!

    Beijo, beijo!

    obs.: Ah, não fique acanhado se um dia achar que posso retribuir um pouco da animação, entusiasmo e felicidade que me proporcionou hoje acreditando em mim. Conte comigo sempre camarada!

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